Barro Vermelho e não bairro Vermelho; entenda a origem do primeiro bairro de Penedo
Redação
Atualizado em 04/04/2023 17:00
A origem do nome Barro Vermelho está ligada raízes da religiosidade penedense. O primeiro povoamento, que teria sido implantado a partir da visita do Donatário Duarte Coelho Pereira por volta de 1555, recebeu o nome de Vila do São Francisco e foi erguido sobre o grande penedo existente na Rocheira, onde foi construída a primeira Rua de Penedo, chamada Rua do Sol, também conhecida como Rua do Banheiro, por tocar as águas do São Francisco, onde, antigamente, pessoas se banhavam.
Sobre a rocha que se impõe em direção ao rio, foi construído o forte Maurício de Nassau, durante a ocupação holandesa, destruído em 1645 na batalha entre portugueses e holandeses e que passou para a história como Openeda.
No tempo do Império, as maiores reivindicações do povo era a construção de um cais na “Rua do Comércio” para evitar a invasão das águas do rio São Francisco durante as enchentes e o beneficiamento da cidade com um porto para o tráfego de passageiros e o comércio que à época era pujante.
Por volta de 1902 foi iniciada a construção do cais de Penedo, no entanto, para a conclusão dos trabalhos, era indispensável um grande aterro para nivelar a rua com o cais. Esse aterro representava uma despesa muito grande, para a qual a obra não tinha provimento, calculada em dezenas de contos de réis.
Nesse período, a velha Matriz estava deteriorada, precisando de reforma urgente. Então, a comunidade se reuniu e chegou a um acordo: o povo levaria o aterro até o cais, uma vez que havia na comunidade um barro vermelho de extraordinário valor para a construção, formado por argila, areia e filte, e o governo faria a reforma da Igreja Matriz.
Assim o aterro foi concluído, com o povo transportando o barro para o cais em meio a cânticos e rezas comandados pelos capuchinhos Frei Angélico e Frei Gaudêncio. Essa é a origem do nome Barro Vermelho.
A velha Cidade do Penedo, também na comunidade do Barro Vemelho, na Rocheira, reuniu, no passado, um dos mais populosos centros de negros, na região Alagoana. Eram ortodoxos e impressionavam pelo credo religioso, seguiam o Islão nas suas práticas religiosas. Os Malês destacavam-se dos outros negros da comunidade Penedense, por uma espécie de segregação social, e religiosa ou de vida pautada por hábitos de absoluta austeridade, sendo por isso respeitados e estimados, porque eram atenciosos e corteses, embora reservados. Não adoravam imagens, não iam à Igreja Católica, nem acompanhavam procissões, mas realizam a Festa dos Mortos, ritual que realizam nos arredores da cidade, com banquetes e danças.
No último século tem predominado como moradores deste bairro, pescadores, mas houve um período onde moravam muitos operários, quando ali existia uma das três indústrias têxteis que funcionavam na cidade. Deste período existem ruínas e edificações que despertam o interesse de turistas que visitam a cidade.