A Maria Louca, uma espécie de cachaça artesanal produzida clandestinamente dentro de presídios brasileiros, voltou a chamar atenção do público após aparecer na série “Tremembé”, do Prime Video. A produção retrata a rotina de detentos envolvidos em crimes de grande repercussão nacional e mostra as frequentes confraternizações onde a bebida é consumida.
Segundo informações da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), somente em 2025 foram apreendidos 244 litros de bebidas e substratos utilizados na fabricação da Maria Louca nos presídios do estado de São Paulo, um número que reforça a popularidade da prática entre os internos.
Como é feita a Maria Louca
A receita varia de unidade para unidade, mas costuma seguir a mesma base:
- Cascas de frutas fermentadas, como banana, maçã, laranja, manga ou limão;
- Açúcar, água e fermento, que muitas vezes é substituído por itens improvisados, como pão ou arroz cru.
O líquido é deixado para fermentar por cerca de 15 dias em galões ou garrafas PET. Para evitar flagrantes durante inspeções, alguns presos aceleram o processo, diminuindo o tempo de fermentação.
Sabor e variações dentro das unidades prisionais
Cada presídio cria sua própria versão da bebida, resultando em sabores e intensidades distintas. Em entrevista ao portal Terra, o ex-detento Edilberto Soares, que cumpriu pena em Bangu II, detalhou como pequenas mudanças podem alterar o resultado final.
“A folha de eucalipto dá um gosto de Cointreau. Maçã também dá um sabor diferenciado. Difícil é conseguir o fermento, tem que contrabandear. Tudo que é proibido tem mais valor na cadeia”, relatou.
A popularização da Maria Louca, retratada novamente na cultura pop por “Tremembé”, reacende o debate sobre as estratégias utilizadas por detentos para driblar a fiscalização e manter tradições clandestinas dentro das unidades prisionais.
